Conferência Rio+20

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Inicia-se hoje a Conferência Rio+20, oportunidade ímpar de o mundo, reunido, definir estratégias de vida no planeta. A Fundação Marista para a Solidariedade Internacional (FMSI) faz parte do Conselho Consultivo da ONU (ECOSOC) e tem assento na Conferência Rio+20 da ONU. Diante dessa oportunidade de incidência e articulação política, por meio da União Marista do Brasil (UMBRASIL), as Províncias Maristas realizaram uma séria de oitivas de crianças, adolescentes e jovens envolvidos nos programas desenvolvidos para esse público, com vistas a elaborar um documento que, focado no campo dos Direitos, reunisse a visão e expectativa desses meninos e meninas sobre as relações humanas com o meio ambiente. Esta escuta teve como objetivo, tendo como princípio a manifestação destas vozes, promover uma reflexão educativa e indicar diretrizes que orientem processos e ações que promovam olhar, pensar e agir de forma sustentável. Esperamos levar o posicionamento marista para as discussões da referida Conferência ao expressar a voz das crianças, adolescentes e jovens que nem sempre conseguem ser ouvidas, como aqueles oriundos de famílias e/ou comunidades indígenas, quilombolas, de áreas urbanas próximas às zonas de aterros sanitários ou de famílias em zonas de remoção em face das obras preparatórias para os grandes eventos esportivos mundiais que o Brasil sediará.

O XXI Capítulo Geral (CG) do Instituto Marista nos move neste sentido, ao convocar maristas de todo o mundo a “Promover os direitos das crianças e jovens, empenhando todos os âmbitos de nosso Instituto na defesa desses direitos, ante os governos, as organizações não governa-mentais e outras instituições públicas”.

Inspirados e conforme as prerrogativas do XXI CG, confiamos que este será um momento de afirmarmos o nosso compromisso de ser “uma presença fortemente significativa entre crianças e jovens pobres”. Acreditamos que podemos somar esforços neste momento de reflexão, diálogo, negociações e articulações que a Conferência Rio+20 e a Cúpula dos Povos oportunizam para promoção de políticas sociais, econômicas, culturais e religiosas que ajudem a superar as formas de opressão, sobretudo aos mais vulneráveis, que clamam por uma sociedade mais justa e igualitária.

Alguns depoimentos de meninos e meninas do Brasil Marista:
“A partir de hoje, eu e minha família iremos cuidar melhor da natureza”, Juliana, 14 anos.
“O mundo é minha segunda casa e a minha casa não é só onde eu moro, mas também todo o mundo”, Vitória, 14 anos.
“O que você faz hoje se volta amanhã para o mundo”, Emerson, 13 anos.
“Não vou mais gastar tanta água nem ficar duas horas embaixo do chuveiro”, L. 14 anos feminino.
“Lugar de lixo é nas lixeiras e não espalhado nas ruas”, L. 17 anos masculino.
“Pequenas atitudes fazem grandes diferenças”, D. 15 anos feminino.
“A partir de hoje vou economizar energia e água”, J. 15 anos feminino.

A partir do exercício de escuta junto a este público, cada vez mais consciente dos impactos da política de gerenciamento dos cuidados com o planeta, trazemos algumas reflexões e diretrizes.

Os devastadores fenômenos naturais e a extrema desigualdade social nos alertam e nos mostram que a humanidade está em risco. Mesmo assim, acenamos que é preciso acreditar ser possível promover mudanças, sobretudo tendo em vista a importância da educação para a sustentabilidade planetária.

A Carta da Terra representa tudo o que nósdevemos preservar e mostrar para os mais novos e também aos mais velhos. Com cooperação podemos manter uma relação de sustentabilidade e cuidado com a natureza. Sendo assim, ela deve inspirar ações inter e multidisciplinares junto aos educandos e todo o público beneficiado e impactado por nossas ações.
As escolas devem integrar de forma consciente tudo que nela apreendermos, para que possamos levar para o meio onde vivemos e para nossas vidas os conhecimentos que provoquem as necessárias transformações.

É preciso promover uma cultura ambiental voltada para um desenvolvimento equilibrado entre avanços tecnológicos e a preservação dos nossos maiores bens, a água e nossas matas, bem como os valores humanos, como a solidariedade, a justiça e a dignidade.

É importante garantir a participação juvenil em conferências locais, regionais e mundiais, onde são ouvidos, onde possam tomar decisões políticas na busca da concretude destas ações, na utilização de verbas públicas para a garantia do direito de todos e preservação do planeta.
É importante promover a organização da sociedade civil, possibilitando a formação de cooperativas, associações e outras formas que promovam o desenvolvimento social local e regional, a defesa e a discussão sobre meio ambiente por meio da realização de fóruns de discussão sobre educação e meio ambiente, desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.

É urgente promover a educação ambiental para despertar nas pessoas um verdadeiro compromisso com o planeta.

É necessário desenvolver políticas para economizar água; preservar a natureza; reciclar o lixo; reduzir a poluição visual, sonora, etc…; reduzir o consumo, valorizar a “produção” local e fortalecer redes de economia solidária.

Especialmente as crianças e adolescentes de todo o mundo sentirão o reflexo das decisões oriundas da Conferência Rio+20, Terceira Reunião de Cúpula da Terra, assim como as mulheres, que mais sofrem com os efeitos da pobreza, o que requer, por sua vez, um desenvolvimento sustentável orquestrado na perspectiva de alcance de resultados que possam, de fato, implicar em melhores condições de vida para toda humanidade.

“Como irmãos e irmãs, compartilhando a vida, queremos aumentar o cuidado com nosso planeta e toda a criação. Juntos, acalentamos a esperança de que a humanidade venha a reconhecer o mundo como seu lar e a usufruir da natureza com a delicada harmonia.” (Documento Água da Rocha, 122).

Que através do exemplo inspirador de Champanhat possamos pensar o futuro do planeta com olhar volta-do para crianças, adolescentes e jovens no compromisso de garantir-lhes um futuro justo e humanitário.

Com Maria, caminhemos para uma nova terra!

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