Crianças e adolescentes devem participar de debates sobre mudanças climáticas

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Projetos usam referências da cultura pop, música e poesia para dialogar sobre o tema com estudantes

 

Quantas vezes você deu espaço para ouvir o que uma criança tem a dizer? Essa é uma pergunta que traz reflexões que vão muito além do que simplesmente escutar a opinião de crianças e adolescentes, mas sim envolvê-los na conversa e tomada de decisões. O direito à participação é um dos quatro princípios da Convenção dos Direitos das Crianças da ONU (Organização das Nações Unidas), e, no Brasil, está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Neste ano, a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU (Organização das Nações Unidas) e o Comitê dos Direitos da Criança, composto por 18 especialistas independentes, estão elaborando o Comentário Geral N.º 26, que trata sobre os Direitos da Criança e o Meio Ambiente, com foco especial nas Mudanças Climáticas.

Em meio às discussões do tema, envolvendo meninas e meninos como agentes transformadores, ações buscam colaborar com a garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, estabelecidos pelo ECA, e reforçar, por meio de projetos, que só é possível alcançá-los se cuidarmos da Casa Comum. Dessa forma, o Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI) está à frente de duas iniciativas: a campanha “Sob o olhar de quem importa” – junto com o Grupo Marista e UMBRASIL- e o projeto “Crianças e Mudanças Climáticas” – em parceria com a Clínica de Direitos Humanos da PUCPR, UMBRASIL e Província do México Central -, ambas trazendo o protagonismo de crianças e adolescentes para defender seus direitos.

“É fundamental relacionarmos a defesa dos direitos das crianças e adolescentes com o meio ambiente, como o Comitê de Direitos da Criança da ONU está fazendo para a produção do 26º Comentário Geral, principalmente levando em consideração como esse assunto está cada vez mais presente nos debates da mídia e nas conversas entre autoridades internacionais. As questões ambientais perpassam aos currículos das escolas, sendo hoje, um assunto que permeia a realidade de crianças e adolescentes, e a preocupação deles com o planeta é real e urgente”, destaca a analista de projetos do CMDI, Marcela Carsten.

Segundo o presidente do Conselho Superior da UMBRASIL, Antonio Benedito de Oliveira, uma abordagem ecológica é também uma abordagem social, e meninas e meninos têm papel central: “As crianças, adolescentes e jovens têm uma nova sensibilidade ecológica e um espírito generoso, e alguns deles lutam admiravelmente pela defesa do meio ambiente”.

 

Jovens pedem atenção

 

A campanha “Sob o olhar de quem importa”, criada em 2020, busca celebrar o aniversário do ECA, promulgado em 13 de julho de 1990. Neste ano, a iniciativa relaciona o Estatuto com as questões ambientais por meio de um vídeo-manifesto protagonizado por crianças e adolescentes, considerando suas opiniões a respeito dos seus próprios direitos, e a perspectiva das pessoas que fazem parte do Sistema de Garantia de Direitos. Nos vídeos, meninos e meninas entre 10 e 17 anos destacam a importância de preservar o meio ambiente e mostram que entendem a urgência de tratar do assunto. “A gente degrada florestas, tira habitats de animais, perde nossa fonte de sustento, causa muitos problemas de saúde”, diz uma delas. Para outra: “Toda vez que a gente ignora a preservação do meio ambiente, é como se estivéssemos declarando a nossa autoextinção”.

De acordo com Marcela, ao longo da produção dos vídeos da campanha e também do projeto “Crianças e Mudanças Climáticas”, o contato direto com as crianças possibilitou entender o que elas entendem por mudanças climáticas. “A maior barreira nessas discussões foi alinhar nossos vocabulários com o das crianças e adolescentes, usando termos que fizessem sentido para eles. Para que eles identificassem o tema com facilidade, articulamos a discussão do meio ambiente com cultura pop, música e poesia”, conta.

Participaram do projeto “Crianças e Mudanças Climáticas” cerca de 240 estudantes de três colégios e duas escolas sociais Marista, e oito escolas Maristas do México, que, por meio de suas mensagens, pediam créditos para serem valorizadas na sociedade. Frases como “nos deem informações, que ao longo do tempo podemos ter novas soluções”, “só tem um planeta, não tem outro, por isso precisamos cuidar”, e “é importante sermos ouvidos, porque embora não pareça, o futuro do planeta aterroriza”, estão entre as respostas dos questionários utilizados na elaboração do trabalho, e mostram a percepção equivocada dos adultos de que esses meninos e meninas não têm interesse por esses assuntos.

“Os adultos ocupam um lugar de privilégio, com acesso à informação e à tomada de decisões, por isso, nosso papel é oferecer a essas crianças mais informações de qualidade e ações educativas, para que elas formem suas próprias opiniões e tenham confiança para tratar do tema”, reforça a analista.

Para a coordenadora da Clínica de Direitos Humanos da PUCPR, Danielle Pamplona, é preciso entender que meninos e meninas têm o mesmo direito de se expressarem que os adultos. “O direito de liberdade de expressão vem acompanhado de outros direitos importantes: de receber informações, de buscar informações, e o direito de compartilhar informações”, explica Danielle.

Ampliando o assunto e abordando também outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), a coleção “Agenda 2030: para que ninguém fique para trás”, elaborada pelo EducaDyS, Pastoral Juvenil Marista do México e o Centro Marista de Defesa da Infância, tem como objetivo contribuir nas ações educativas com crianças, adolescentes e jovens sobre os ODSs. Disponível em oito fichas, a coleção utiliza a metodologia Ver, Julgar e Agir, e possibilita que educadores, crianças, adolescentes e jovens vivenciem um caminho pedagógico com sugestão de atividades lúdicas e subsídios para reflexão sobre o tema.

 

Para conhecer melhor a campanha e os projetos, acesse centrodedefesa.org.br

 

Sobre o Centro Marista de Defesa da Infância

O Centro Marista de Defesa da Infância, do Grupo Marista, atua há 12 anos na proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, por meio do fortalecimento da sociedade civil, da qualificação de políticas públicas e do controle social. Desenvolvemos campanhas e assessoramento sobre o enfrentamento à violência sexual e outros temas referentes aos direitos humanos, como a participação infanto-juvenil e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Atuamos também no monitoramento de dados e do orçamento público do estado do Paraná e promovemos ações de incidência política em articulação com governos, redes, fóruns, comissões e conselhos de Direito. Saiba mais em centrodedefesa.org.br

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