Oitavo encontro do Ciclo de Debates fala da influência do Concílio na América Latina

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A mediadora Janete Cardoso e o palestrante Agenor Brighenti no 8º evento do Ciclo de Debates

Realizado no dia 19 de outubro, o 8º evento do Ciclo de Debates “Utopias do Vaticano II: que Sociedade Queremos? Diálogos”, trouxe como assessor o teólogo e presidente do Instituto Nacional de Pastoral da CNBB, Dr. Agenor Brighenti , que falou sobre o Concílio e Igreja Latino Americana e como seu ensinamentos tornaram-se realidade no solo latino-americano.

A Igreja da América Latina passou, nesses últimos 50 anos, por diversas transformações e, assim como toda a sociedade, foi provocada a se repensar diante dos contextos sociais, políticos, econômicos e culturais. As conferências episcopais latino-americanas foram caminhos de se olhar localmente e pensar propostas concretas para nossa realidade. De acordo com Brighenti, o Concílio na América Latina teve um impacto especial, pois foi o continente que melhor o “encarnou’ dentro de seu contexto. “Aqui no Brasil tivemos uma recepção criativa do Concílio, pois nossos bispos já, no primeiro momento, saíram daquele evento com um Plano Pastoral para implementar a renovação conciliar no país”, afirmou o assessor. Dois fatores, segundo Agenor, foram decisivos para a recepção criativa do Concílio Vaticano II na América Latina: o primeiro, foi a participação mais proveitosa e ativa dos bispos nas Conferências em Roma, com os teólogos peritos do Concílio; e, o segundo, foi a realização da Conferência Episcopal Latino-Americana de Medellín em 1968, quando nossa Igreja deixa de ser reflexo de um cristianismo romanizado e passa a ter palavra e rosto próprios. “Aqui na América Latina não houve somente uma implantação, mas uma encarnação e um verdadeiro desdobramento das proposições do Concílio”, observou o assessor.

Agenor falou também sobre “Sete Eixos ou Sacramentos” que caracterizaram a recepção do Concílio na América Latina, sob a sua e as demais perspectivas das Conferências de Medellín, Puebla, Santo Domingo e Aparecida.  O primeiro sacramento seria a concepção da Igreja como a comunidade dos batizados; o segundo: a Igreja e o compromisso evangelizador das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); o terceiro: Como a Igreja vê os pobres; o quarto: a opção da Igreja pelos pobres; o quinto: a inserção da Igreja no mundo; o sexto: evangelização e promoção humana; e o sétimo: diakonia histórica e projetismo que a Igreja deve exercer dentro de sua comunidade. Segundo o assessor, a renovação do Vaticano II dá origem à tradição libertadora latino-americana, que é fruto de desdobramentos das intuições e dos eixos fundamentais do Concílio, dentro de um contexto marcado pela injustiça e exclusão. “A Igreja da América latina fez do Concílio um ponto de partida, plasmando uma identidade própria, cuja palavra está codificada na teologia da libertação”, afirmou Brighenti.

Após a apresentação, o assessor respondeu a perguntas e encerrou sua participação lembrando que a Igreja latino-americana possui a primeira teologia da história do cristianismo surgida fora do eurocentrismo, que ainda caracteriza o catolicismo. “Temos aqui, um grande avanço: pela primeira vez na história da Igreja temos um Papa latino-americano que cita e pratica os documentos do Concílio para a América-latina”, concluiu Brighenti.

O Ciclo de Debates

O próximo e último evento do Ciclo de Debates será realizado no dia 23 de novembro e trará como temática os frutos pós-Concílio. Os interessados podem se inscrever pelo site www.tdzain.net/umbrasilv2/dialogosconcilio. O Ciclo de Debates “UTOPIAS DO VATICANO II: Que sociedade Queremos? Diálogos” conta com o apoio institucional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); da Conferência Nacional dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional); da CRB Regional Brasília; do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC); da Universidade Católica de Brasília (UCB), Rede Celebra (DF) e da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC).

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