“Quem naturaliza o insucesso não é educador!”

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Sexta e sábado, 25 e 26 de setembro, foram dias de muito conteúdo no Marista Arquidiocesano. Isso porque o Colégio, em parceria com a FTD Educação, Umbrasil (União Marista do Brasil) e Rede de Colégios do Grupo Marista promoveram o 1° Simpósio Marista de Tecnologia, Educação e Linguagem. Grandes nomes da educação compartilharam seus conhecimentos e suas práticas de ensino.

Divulgação Colégio Marista Arquidiocesano
Divulgação Colégio Marista Arquidiocesano

A abertura do Simpósio ficou ao encargo da coordenadora psicopedagógica Kátia Helena Alves Pereira que refletiu um pouco sobre o cenário no qual nos encontramos: “É o tempo das tecnologias educacionais, das novas possibilidades do saber, dos diferentes espaçotempos da escola (o virtual e o estrutural), da quebra de hierarquia”, afirmou a educadora.

Outra contribuição importante da abertura foi dada pelo Diretor Geral do Arqui, Ascânio João Sedrez. Segundo ele, o fundador da Instituição Marista, Marcelino Champagnat, há quase 200 anos, antecipou a necessidade de utilizarmos os melhores recursos na arte de educar. A frase tratava da seguinte ideia: “Amar as crianças e os adolescentes é dedicar-se totalmente ao seu ensino e empregar todos os recursos para educá-los integralmente”.

Fernando Moraes, gerente de novas mídias da FTD Educação, contribuiu com dizeres sobre a importância que o livro impresso teve na educação, as novas relações com a leitura, com a produção de textos e com as novas formas de escrever. De acordo com Moraes, o tempo entre a escrita e a leitura encurtou. “Em um mundo de telas, dá para lutar contra o clique?”, questionou o pedagogo e Mestre em Tecnologias Educacionais.

Divulgação Colégio Marista Arquidiocesano
Divulgação Colégio Marista Arquidiocesano

A Professora Maria Lucia Santaella, pós-doutora em comunicação e semiótica, extremamente reconhecida e um dos nomes mais esperados do dia, arrancou aplausos da plateia. “O tema geral deste evento é o tema da minha vida. Estudei por anos semiótica, fui aluna dos poetas concretos e, é fato, toda linguagem se corporifica em alguma tecnologia”, afirmou Lucia Santaella.

As mídias locativas – dispositivos tecnológicos móveis – os quais carregamos, ganharam destaque no discurso da Professora. Suas indagações passaram pela criação de conteúdos educativos nestas mídias. “Trata-se de um caminho promissor, estamos falando de integração social (conteúdo e linguagem; letramento e educação). O computador não é uma ferramenta, é uma extensão da nossa inteligência”, acrescentou a linguísta. Segundo ela, demos um salto antropológico e, por conta disso, o ser humano tem de ser repensado. “Agora conversamos por imagens, acabou a soberania da linguagem verbal”.

A sexta-feira acabou em grande estilo com os dançarinos do Ballet Stagium no Salão Nobre. A coreografia “Choros” de Décio Otero e direção de Marika Gidali teve cores, ritmo, alegria e músicas de Pixinguinha, Waldir Azevedo, Catulo da Paixão Cearense, Joaquim Callado, entre outros artistas.

foto 6 ballet Stagium
Divulgação Colégio Marista Arquidiocesano

O sábado foi um dia repleto de atividades. Na parte da manhã, houve mesa de debate sobre “Tecnologias de que falamos e o que fazemos das tecnologias em Educação?” com mediação de Marcia Maria Rosa, diretora educacional do Colégio Marista de Chapecó, SC, e com os debatedores João Mattar e Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida; palestra de Patricia Peck Pinheiro, especialista em Direito Digital, sobre segurança na internet. Na parte da tarde, os participantes dividiram-se em 3 eixos. No eixo voltado às novas competências envolvendo a tecnologia, metodologia e a didática, houve palestra com a especialista Vani Moreira Kenski e relatos de experiência sobre “Aula invertida e Blackboard” feitos pelo Colégio Marista Paranaense, de Curitiba; sobre a plataforma para formação de professores de Língua Portuguesa feito pelo CENPEC (Educação, Cultura e Ação Comunitária); e ainda sobre aula invertida por Ivys Urquiza. No eixo das Tecnologias e Linguagens, Roxane Rojo ministrou palestra sobre Novos multiletramentos na escola e houve relatos de experiência do Marista Arquidiocesano sobre a implementação do livro digital no 7° ano do Ensino Fundamental; relato da Escola Villare sobre Luz e Sombra e, por fim,  sobre o uso de WhatsApp pelo Colégio Marista de Londrina. No tema Tecnologias e sociedade,  a especialista Silvia Fichmann debateu   com os cases do Centro Marista de Inclusão Digital (CMID), na cidade de Santa Maria, RS e com o Projeto Imprensa Jovem, da Comunidade Heliópolis.

A finalização do 1º Simpósio Marista de Tecnologia, Educação e Linguagem ficou por conta do Professor José Pacheco, educador, escritor e ex-diretor da Escola da Ponte, em Vila das Aves, Portugal. O educador não trouxe material pronto. De um modo inusitado, disse que sua palestra seria norteada pelas perguntas da plateia. A primeira foi sobre aula invertida e a resposta foi bastante polêmica: “Andei por muitos lugares nos Estados Unidos e notei, em se tratando de educação, muito marketing, reinvenção de moda ou escolanovismo reciclado.

foto 7 ballet
Divulgação Colégio Marista Arquidiocesano

“O que temos, na grande maioria, são dispositivos pedagógicos ultrapassados. Nossos alunos são do século XXI, os professores do século XX e as escolas do século XIX. Aula não tem fundamento científico, aula não tem fundamento. Temos que sair dos quadradinhos, recusar o modelo do século XIX. Quem naturaliza o insucesso não é educador. Todos os jovens aprendem e, para tal, o professor deve construir um projeto com os alunos”, acrescentou o Professor José Pacheco.

Pacheco termina entusiasmadamente – característica bem marcada deste grande educador, que acredita na possibilidade da aprendizagem por projetos –  dizendo: as tecnologias devem servir para humanizar as relações na escola!

Enfim, dias fortes de reflexões e trocas de experiências. Evento de formação aberta que contagiou muitos educadores despertando o desejo de estudar sempre e mais. Espaçotempo diferenciado e privilegiado para quem ama educar.

Fonte: Grupo Marista

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